O Renascimento foi um
importante movimento de ordem artística, cultural e científica que se deflagrou
na passagem da Idade Média para a Moderna. Em um quadro de sensíveis
transformações que não mais correspondiam ao conjunto de valores apregoados
pelo pensamento medieval, o renascimento apresentou um novo conjunto de temas e
interesses aos meios científicos e culturais de sua época. Ao contrário do que
possa parecer, o renascimento não pode ser visto como uma radical ruptura com o
mundo medieval.
Características
do Renascimento:
A razão, de acordo com o
pensamento da Renascença, era uma manifestação do espírito humano que colocava
o indivíduo mais próximo de Deus. Ao exercer sua capacidade de questionar o
mundo, o homem simplesmente dava vazão a um dom concedido por Deus
(neoplatonismo). Outro aspecto fundamental das obras renascentistas era o
privilégio dado às ações humanas, ou humanismo. Tal característica
representava-se na reprodução de situações do cotidiano e na rigorosa reprodução
dos traços e formas humanas (naturalismo). Esse aspecto humanista inspirava-se
em outro ponto-chave do Renascimento: o elogio às concepções artísticas da
Antiguidade Clássica ou Classicismo.
Relação
com a burguesia e o individualismo
Essa valorização das ações
humanas abriu um diálogo com a burguesia, que floresceu desde a Baixa Idade
Média. Suas ações pelo mundo, a circulação por diferentes espaços e seu ímpeto
individualista ganharam atenção dos homens que viveram todo esse processo de
transformação privilegiado pelo Renascimento. Ainda é interessante ressaltar
que muitos burgueses, ao entusiasmarem-se com as temáticas do Renascimento,
financiavam muitos artistas e cientistas surgidos entre os séculos XIV e XVI.
Além disso, podemos ainda destacar a busca por prazeres (hedonismo) como outro
aspecto fundamental que colocava o individualismo da modernidade em voga.
As
cidades italianas e o mecenato
A aproximação do
Renascimento com a burguesia foi claramente percebida no interior das grandes
cidades comerciais italianas do período. Gênova, Veneza, Milão, Florença e Roma
eram grandes centros de comércio, onde a intensa circulação de riquezas e
ideias promoveu a ascensão de uma notória classe artística italiana. Até mesmo
algumas famílias comerciantes da época, como os Médici e os Sforza, realizaram
o mecenato, ou seja, o patrocínio às obras e estudos renascentistas. A
profissionalização desses renascentistas foi responsável por um conjunto
extenso de obras que acabou dividindo o movimento em três períodos: o Trecento,
o Quatrocento e Cinquecento. Cada período abrangia respectivamente uma parte do
período que vai do século XIV ao XVI.
Períodos
do Renascimento
Durante o Trecento, podemos
destacar o legado literário de Petrarca (“De África” e “Odes a Laura”) e Dante
Alighieri (“Divina Comédia”), bem como as pinturas de Giotto di Bondoni (“O
beijo de Judas”, “Juízo Final”, “A lamentação” e “Lamento ante Cristo Morto”).
Já no Quatrocento, com representantes dentro e fora da Itália, o Renascimento
contou com a obra artística do italiano Leonardo da Vinci (Mona Lisa) e as
críticas ácidas do escritor holandês Erasmo de Roterdã (Elogio à Loucura).
Leonardo da Vinci foi um dos
maiores expoentes do Renascimento
Na fase final do
Renascimento, o Cinquecento ganhou grandes proporções, dominando várias regiões
do continente europeu. Em Portugal, podemos destacar a literatura de Gil
Vicente (Auto da Barca do Inferno) e Luís de Camões (Os Lusíadas). Na Alemanha,
os quadros de Albrercht Dürer (“Adão e Eva” e “Melancolia”) e Hans Holbein
(“Cristo morto” e “A virgem do burgomestre Meyer”). A literatura francesa teve
como seu grande representante François Rabelais (“Gargântua e Pantagruel”). No
campo científico, devemos destacar o rebuliço da teoria heliocêntrica defendida
pelos estudiosos Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Giordano Bruno. Tal
concepção abalou o monopólio dos saberes, até então controlados pela Igreja.
Impacto
do Renascimento
Ao abrir o mundo à
intervenção do homem, o Renascimento sugeriu uma mudança da posição a ser
ocupada pelo homem no mundo. Ao longo dos séculos posteriores ao Renascimento,
os valores por ele empreendidos vigoraram ainda por diversos campos da arte, da
cultura e da ciência. Graças a essa preocupação em revelar o mundo, o
Renascimento suscitou valores e questões que se fizeram presentes em outros
movimentos concebidos ao longo da história ocidental.
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