Reforma Protestante é o nome
dado ao movimento reformista que surgiu no cristianismo no século XVI. Esse
movimento iniciou-se a partir de Martinho Lutero, um monge católico que estava
insatisfeito com algumas práticas e questões teológicas defendidas pela Igreja
Católica. A atuação de Lutero teve como ponto de partida a divulgação das 95
teses, que rapidamente espalharam-se pela Europa e deram origem ao reformismo
no seio da Igreja Católica. Da atuação de Lutero, surgiu o protestantismo.
Causas
da Reforma Protestante
A Reforma Protestante teve
causas relacionadas a aspectos políticos, econômicos e teológicos e resultou da
corrupção existente na Igreja Católica. Além disso, teve resultado de
interesses políticos oriundos de nobres que viram na reforma uma possibilidade
de romper o vínculo de autoridade com o papa. Por fim, foi imposta a questão
dos interesses econômicos, uma vez que a Igreja estipulava a cobrança de
impostos de todos seus fiéis.
No aspecto teológico, o
ponto imediato a ser destacado é a insatisfação de Martinho Lutero com as
práticas da Igreja Católica. A Igreja de Roma era, naquele período, a maior
autoridade da Europa Ocidental e detinha um imenso poder, uma vez que era dona
de terras e riquezas gigantescas.
Além disso, a autoridade do
papa impunha-se além do campo religioso, alcançando o campo secular (político).
Os reis da Europa tinham seu poder sustentado pela autoridade da Igreja, uma
vez que era praticamente impossível manter-se no comando sem a aprovação do papa.
Sendo assim, a Igreja Católica possuía o monopólio da vida política e religiosa
europeia.
Focando no aspecto
teológico, muitos começaram a questionar as posições da Igreja. Antes mesmo de
Lutero, já havia existido na Europa movimentos religiosos e figuras do clero
católico que questionavam determinados princípios do catolicismo. A longo
prazo, pode-se ressaltar, por exemplo, os valdenses, que surgiram na França no
final do século XII.
Em um período imediato, isto
é, poucos anos antes do início da reforma, existiram os pré-reformadores na
Europa, que teceram críticas à Igreja de Roma. Dois nomes que se destacaram
nesse contexto foram John Wycliffe e Jan Hus. O primeiro criticava o acúmulo de
poder político e os desvios da Igreja dos verdadeiros ensinamentos de Jesus. O
segundo tecia críticas parecidas contra o enriquecimento da Igreja e a venda de
indulgências.
Em relação às questões
políticas, existia uma série de reis, nobres e autoridades em geral que estavam
interessados em romper o poder secular com o religioso. Isso significa que
muitos viam o rompimento como uma forma de consolidar ou de assegurar mais
poder sem a necessidade de ter que se sujeitar a outra autoridade – no caso, o
papa.
Nas questões econômicas, há
de se destacar que, na região norte da Europa, havia uma insatisfação muito
grande com a quantidade de impostos que deveriam ser repassados para a Igreja.
Tal questão intensificava-se em um contexto em que as penínsulas Itálica e
Ibérica estavam em franco desenvolvimento e enriquecimento, enquanto regiões
como a que corresponde à atual Alemanha eram pobres e enfrentavam dificuldades
econômicas.
Martinho
Lutero
A insatisfação e as críticas
à Igreja Católica tiveram seu ápice em Martinho Lutero, monge agostiniano e
professor de Teologia. Lutero estava insatisfeito com certas condutas da
Igreja, sobretudo com as indulgências, que eram comuns na Igreja Católica da
época. Nesse contexto, essa prática acontecia por meio dos dízimos feitos pelos
fiéis para a Igreja em troca do perdão de seus pecados.
Além disso, o papa Leão X
havia oferecido indulgências para aqueles que contribuíssem com dinheiro para a
construção da Basília de São Pedro. Lutero tinha também discordâncias de
conteúdo teológico a respeito da salvação e de outras práticas e ações da Igreja.
Com isso, o monge elaborou um documento conhecido como 95 teses.
A partir de então, as ideias
de Lutero espalharam-se pela Europa com rapidez. Nesse momento, a intenção de
Lutero não era romper com a Igreja Católica, ele queria apenas que se realizasse
uma reforma em determinadas questões. O rompimento de Lutero com a Igreja
Católica só aconteceu quando foi excomungado pelo papa, em 1521.
95
teses
As 95 teses, documento no
qual Lutero manifestava sua oposição teológica às práticas da Igreja de Roma,
foram enviadas para o arcebispo de Mainz, Alberto de Brandemburgo, em 31 de
outubro de 1517. A intenção de Lutero era levantar um debate para que reformas
dentro da Igreja acontecessem.
Martinho Lutero defendia,
basicamente, que a Bíblia era a única referência para os fiéis e que as pessoas
conseguiriam ser salvas sem a mediação de intermediários e sem precisar dar
indulgências. A base teológica de Lutero baseava-se em um versículo bíblico que
afirmava que “o justo viverá pela fé”. Aqui, Lutero passou a defender a ideia
de que não eram as boas ações que salvariam uma pessoa, mas sim a fé.
A construção teológica
iniciada por Martinho Lutero deu origem a um princípio conhecido como Cinco
Solas:
1. Sola fide (somente a fé)
2. Sola scriptura (somente a
Escritura)
3. Solus Christus (somente
Cristo)
4. Sola gratia (somente a
graça)
5. Soli Deo gloria (glória
somente a Deus)
As 95 teses espalharam-se
com rapidez pela Europa por conta da imprensa (criada em 1430 por Johann
Gutenberg), a qual permitia a cópia e a impressão de livros em uma velocidade
inédita para a época. Com isso, as ideias de Lutero propagaram-se e
conquistaram seguidores em toda a Europa.
Um registro importante é a
famosa imagem de Martinho Lutero pregando as 95 teses na porta da igreja do
castelo de Wittenberg. Muitos consideram esse o ponto de partida da Reforma
Protestante, mas os historiadores nunca conseguiram comprovar se esse episódio
de fato aconteceu. Portanto, os historiadores consideram esse fato somente uma
lenda.
Primeiros
reformadores da Reforma Protestante
Antes de Lutero, já havia
casos de cristãos que contestaram princípios e práticas da Igreja Católica. No
século XII, a partir das pregações de Pedro Valdo, surgiram na França os
valdenses, que se espalharam pelo norte da Itália, sobrevivendo às perseguições
da Igreja Católica.
No caso específico da
pré-reforma, os historiadores destacam Jan Hus e John Wycliff, que questionavam
a riqueza da Igreja, a acumulação de poder temporal e a corrupção existente no
clero. Caso tenha interesse em ampliar seus conhecimentos a respeito desses
precursores da Reforma Protestante, sugerimos a leitura deste texto.
Protestantismo
Da atuação de Martinho
Lutero, surgiu o protestantismo, vertente do cristianismo que rompeu com a
Igreja Católica. Como citado, o rompimento de Lutero com a Igreja Católica
aconteceu a partir do momento em que foi excomungado e passou a ser perseguido
por ela.
As ideias de Lutero
espelharam-se pela Europa, resultando na conversão de milhares de pessoas e no
surgimento de outros reformadores, como João Calvino. Com isso, o
protestantismo foi consolidando-se como vertente religiosa, e dele nasceram
diversas igrejas e denominações protestantes.
Atualmente, existem várias
denominações cristãs oriundas do protestantismo, como os batistas, os
presbiterianos, os metodistas, os luteranos, os calvinistas, os anglicanos,
etc. No Brasil, mais de 20% da população identifica-se como “evangélica”,
denominação que agrupa igrejas teologicamente nascidas do protestantismo.