sábado, 14 de abril de 2012

Primeira Guerra: final e o Tratado de Versalhes.


Com um saldo de 9 milhões de mortos e cerca de 20 milhões de feridos a guerra chegou ao fim provocando o deslocamento de milhões de pessoas que foram obrigadas a sair das áreas de conflito ou sair de suas terras por causa da redefinição das fronteiras nacionais.
A euforia patriótica que marcou o início da guerra em várias nações, transformou-se em desespero diante da constatação que o mesmo progresso que permitiu avanços econômicos e criou novas tecnologias, promoveu a morte de milhões de pessoas. Assim os europeus se perguntavam se o progresso tinha valido a pena.
A partir de 1918 quando as forças da Tríplice Aliança já haviam se rendido, os alemães ficaram isolados em suas fronteiras, incapazes de sustentar os combates por mais tempo. Em 11 de novembro de 1918 a Alemanha assinou um acordo de paz (armistício) em situação bastante desvantajosa.
Após a rendição alemã, realizou-se uma série de conferências entre 1919 e 20, com a participação de 27 nações consideradas vencedoras, sob a liderança dos EUA, Inglaterra, França e Itália. A conferências que ocorreram próximas a Paris e utilizaram como local principal o palácio de Versalhes, teve o seu conjunto de decisões conhecido como Tratado de Versalhes.
Os artigos desse Tratado foram extremamente duros para a Alemanha, obrigando-a a reduzir ao mínimo os seus exércitos, ficando proibida de manter uma aviação e uma marinha de guerra. Os alemães tiveram que devolver a Alsácia-Lorena à França, além de ceder territórios à Bélgica, Dinamarca e Polônia, devendo também entregar o seu império colonial a Franceses e Ingleses, além de quase todos os seus navios mercantes à França, Bélgica e Inglaterra. Tendo também que pagar uma indenização bilionária aos países vencedores.
A Alemanha havia sido derrotada nos campos de batalha e humilhada politicamente no pós-guerra. Os Alemães consideraram o Tratado de Versalhes injusto, vingativo e humilhante. Anos depois, o desejo de mudar os termos desse acordo motivou a expansão do nacionalismo alemão e uma maciça propaganda patriótica. Esses fatores ajudam a explicar a Segunda Guerra Mundial.

Primeira Guerra Mundial: começam os conflitos.


O estopim da guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, em 28 de junho de 1814 em Sarayevo. Essa cidade era capital da Bósnia e da Herzegovina, territórios anexados pelo Império Austro-Húngaro em 1878, contra as pretensões pan-eslavistas. O Assassino foi Gavrilo Princip, membro da oraganização Unidade ou Morte, apoiada pelo governo sérvio e ligada ao governo russo. Com isso os austro-húngaros declararam guerra a Sérvia, o que colocou em funcionamento o sistema de alianças.
No início dos conflitos, em agosto de 1914, parte dos habitantes da Europa viveram um verdadeiro fascínio pela guerra, pela primeira vez aeronaves, tanques e submarinos foram usados como aparelhos de guerra.
A primeira fase do conflito (1914-1915) foi marcada pela grande movimentação. Depois de uma rápida ofensiva dos alemães aos territórios da França e da Bélgica, os franceses montaram uma contra ofensiva e barraram o avanço de seus inimigos sobre Paris, na batalha do Marne. A partir daí manteve-se o equilíbrio na frente ocidental.
Na segunda fase (1915-1917) na frente ocidental surge a guerra de trincheiras onde cada lado procurou manter posições. As movimentações ocorreram na frente oriental, onde os alemães ocuparam a Polônia, forçando o exército russo a voltar para o seu território.
Na terceira fase (1917-1918) surgem os reforços vindos de nações fora da Europa. Além dos soldados enviados do mundo colonial, a Alemanha afundou navios de nações que não estavam envolvida no conflito alegando que se tratavam de suprimentos para os inimigos da Tríplice Aliança (inclusive o navio brasileiro Panamá). Nessa fase destacam-se a entrada dos EUA (06 de abril de 1917) e a saída da Rússia em 03 de março de 1918.


Um dos poucos saldos positivos foi a valorização das mulheres que em países como a França, Inglaterra e Itália, sustentaram o esforço de guerra na ausência dos homens.

Primeira Guerra Mundial: tensões no começo do século XX



No início do século XX havia um forte clima de tensão entre as nações centrais da Europa em função da disputa de território e mercados para os seus produtos industrializados.
Além da rivalidade por mercados franceses e alemães possuíam grande ressentimento uns para com os outros em função da Guerra franco-prusiana onde os alemães ganharam, em 1871, dos franceses os territórios da Alsácia-Lorena (ricos em minério de ferro e carvão), o desejo dos franceses em recuperar esse território e o desejo de revanche é conhecido como revanchismofrancês. Incluem-se nesse período os movimentos nacionalistas como o pan-eslavismo que, apoiado pelos governos russo e servio, pretendia unir todos os povos eslavos da Europa oriental. E o pangermanismo que pretendia anexar à Alemanha os territórios da Europa Central onde viviam minorias germânicas.
O clima de rivalidade gerou a paz armada, onde diante do risco de guerra as nações mesmo sem entrar em conflito começam a se armar dando início a corrida armamentista.
Os confrontos nos Bálcãs se dão em grande parte em função da busca do Império Russo por um por em um mar quente para a saída de seus navios de guerra e mercantes0. Que para isso e por razões de afinidades culturais vão se julgar protetores dos povos eslavos e cristãos ortodoxos da penílsula balcânica que viviam sob o domínio dos astro-hungáros e mulçumanos turcos. Por sua vez os sérvios com o apoio dos russos pretendiam formar a Grande Sérvia e par isso era preciso enfrentar austro-húngaros e Turcos. Diante da fraqueza das forças turcas e com o apoio dos russos, búlgaros, sérvios, gregos e montenegrinos formaram a Liga Balcânica e em 1912 entraram em guerra contra os turcos, que foram vencidos.
Com o objetivo de se fortalecerem ainda mais diante dos rivais as nações européias fizeram alianças entre si e a partir de 1907 a Europa ficou dividida em dois blocos: Tríplice Aliança - Alemanha, Áustria e Itália. Do outro lado a Tríplice Entente - França, Inglaterra e Rússia, engrossada por sérvios, belgas, gregos e romenos. A Itália mudou de lado em 1915 depois de receber promessas de compensações territoriais. As tensões entre os blocos foram aumentando e qualquer incidente detonaria a guerrra.

Os Primeiros Anos da República: governos militares.


Depois de promulgar a Constituição de 1891 o Congresso Constituinte foi transformado em Congresso Nacional, isto é, em poder legislativo regular, com poder de propor e votar as leis do país. Coube a esse órgão eleger os primeiros presidente e vice-presidente da República.
Os cafeicultores apresentaram o fazendeiro prudente de Morais e o Marechal Floriano peixoto como vice. Os militares apresentaram Deodoro da Fonseca e o almirante Eduardo Wandenkolk para vice. Deodoro ganho com uma diferença de 32 votos e Floriano Peixoto foi eleito com uma diferença de 96 votos.
Apesar de Deodoro ter ganho as eleições não tinha apoio político para governar. Sofria oposição dos cafeicultores, que possuíam grande representação no Congresso nacional, e o acusavam de autoritário e reponsável pelo desastre econômico do encilhamento. Pensando que ainda estava no comando das tropas em 03 de novembro de 1891 fechou o Congresso e prendeu seus principais opositores, ato que desrespeitava gravemente a Constituição.
Em protesto ao autoritarismo do presidente os operários da estrada de ferro Central do Brasilentraram em greve, membros da marinha ligados ao jacobinismo e liderados pelo almirante Custódio José de Melo ameaçaram bombardear o Rio de janeiro com navios ancorados na baía de Guanabara (Primeira Revolta da Armada). Diante dessa situação Deodoro renunciou em 23 de novembro de 1891 e o vice Floriano peixo passou a governar em seu lugar apoiado pelos cafeicultores de São Paulo e seteros influentes das forças armadas. Suas priemiras medidas foram a reabertura do Congresso e a mudança dos presidentes de estado (governadores estaduais).
Floriano também sofreu oposição daqueles que alegavam que ele não havia sido eleito pelo povo e nem para presidente, apenas para vice, e por isso nova eleições deveríam ser convocadas, porém ele permaneceu firme no cargo até o final do mandato. Devido a sua maneira firme de lidar com os opositores, Marechal Floriano passou a ser conhecido como o Marechal de Ferro. No entanto teve que enfrentar a Segunda Revolta da Armada e a Revolução Federalista.
Em setembro de 1893, Custódio de Melo com 15 navios ancorados na baía de guanabara ameaçaram bombardear a capital caso não fossem convocadas novas eleições. Os canhões ficaram apontados para a capital federal até março do ano seguinte. Floriano apoiado pelos cafeicultores de São Paulo (Partido Republicano Paulista) e com o auxílio de tropas do éxercito conseguiu dominar os revoltosos pondo fim a Segunda Revolta da Armada.
Tendo como principal motivo a disputa entre o Partido Republicano Gaúcho, do presidente do Estado, Júlio de Castilho e o partido de oposição, Partido Federalista. Ocorreu no Rio Grande do Sul a partir do início de 1893 a Revolução Federalista. Os Republicanos defendiam o sistema presidencialista a apoiavam Floriano Peixoto, já os federalistas, liderados por Gaspar Silveira Martins, queriam um governo parlamentaria e a revogação da Constituição Estadual Gaúcha.
Os federalistas uniram-se à Revolta da Armada no Rio de Janeiro e ameaçaram invadir São Paulo, onde a elite cafeicultora apoiava o governo central. Chegaram a invadir o Paraná, mas foram derrotados pelas tropas do governo. A revolta só terminou em meados de 1895 já no Governo do presidente Prudente de Morais, eleito em 1894. Apesar de acordos que anistiram os revoltosos, nenhuma de suas reivindicações foi atendida.
Os governos de Deodoro E Floriano Peixoto foi um período de transição entre a monarquia e a república e os embates se deram entre aqueles que queriam um governo federal forte e centralizado com o apoio dos militares e os que queriam descentralização e maior autonomia para os estados.

A primeira Constituição Republicana



A partir de 15 de novembro de 1890 (um ano após a Proclamação), representantes estaduais escolhidos por eleições realizadas dois meses antes, reunidos em congresso constituinte elaboraram a primeira constituição republicana promulgada em 24 de fevereiro de 1891.
Foi adotada a forma de governo republicana com sistema presidencialista. O presidente seria o chefe de Estado, auxiliado por ministros de sua escolha. Cada Estado (antiga província) passou a ter autonomia para eles eleger seu próprio presidente de Estado (governador), deputados estaduais e uma constituição estadual que não poderia contrariar a constituição federal.
Extingui-se o poder moderado que era exercido na monarquia pelo imperador e manteve-se o executivo (presidente), legislativo (congresso nacional formado pela Câmara dos deputados e pelo Senado) e judiciário (cujo órgão máximo é o Supremo Tribunal Federal).
Em assuntos eleitorais as mudanças do Império para a República não foram nada radicais. A lei de 1881 (Império) estabelecia que o eleitor tinha que ser homem, alfabetizado, e ter renda mínima anual de 200 mil-réis. O maior problema não era a renda, mas a alfabetização, já que apenas 15% da população total e 20% da população masculina era alfabetizada), portanto a imensa maioria ficou de fora. Com a constituição de 1891 a regra passou a ser a seguinte: o eleitor precisava ser homem, maior de 21 anos, ficando proibidos as mulheres, os mendigos, soldados e membros de ordem religiosa e analfabetos. O resultado foi que na primeira eleição para presidente (1894) votaram apenas pouco mais de 2% da população.
O sistema eleitoral era aberto, isto é, os elitores eram obrigados a revelar em quem votavam, o que permitiu a a pressão de líderes locais.
Sem lugar na política os brasileiros pobres e ex-escravos concentraram suas atividades em seus ambientes de convivência social, como associação de trabalhadores e igrejas. As conquistas por mais participação política se deram ao longo do século XX, o voto passou a ser secreto, mulheres, religiosos, analfabetos e maiores conquistaram o direito de votar.

República


Após um período de desgaste em relação à elite da sociedade brasileira, em função principlamente da Abolição da Escravidão, o governo monáquico chegou ao fim no Brasil em 1889. O que para alguns pode ser considerado um golpe, a mudança do sistema que ocorreu em 15 de novembro de 1889, teve como principais protagonistas os militares, cafeicultores, e profissionais liberais.
O povo ficou ausente do processo de formação da República no Brasil, os que assistiram a movimentação das tropas que marchavam para depor o imperador e por fim à monarquia, imaginavam apenas que se tratava de uma parada militar. No dizer do autor José Murilio de Carvalho, o povo assistiu "bestializado" a mudança do sistema.
O governo provisório, que se incumbiu de administrar as mudanças, instituiu o federalismo que transformava as antigas províncias do império em Estados, com mais autonomia em relação ao governo central, o que facilitava a manutenção do poder por parte de lideranças locais. A sede do governo central passou a ser chamar Distrito Federal, correspondendo à cidade do Rio de Janeiro.
Com a República, Igreja e Estado foram separados, o Brasil deixou de ter uma religião oficial (passou a ser um Estado Laico). Sendo então criados os registros civis (nascimento, casamento e óbito) como uma responsabilidade do Estado.
Em 1890 entra em vigor o decreto da grande naturalização com o objetivo de diminuir a resistência aos portugueses por parte dos brasileiros que viviam nas grandes cidades. Por este decreto todos os estrangeiros residentes no Brasil seríam automaticamente transformados em cidadãos brasileiros. Quem quisesse manter sua antiga cidadania deveria se pronunciar ao governo. O sentimento antilusitano (antipatia aos portugueses) acontecia muito em função dos portugueses serem donos de boa parte do comércio urbanos e dos imóveis alugados aos pobres, como os cortiços.
A política financeira iniciada nesse período, tendo a frente o Ministro da Fazenda Rui Barbosa, logo ficou conhecida como ENCILHAMENTO. A abertura de empresas na forma de sociedades por ações que eram negociadas na bolsa de valores com o objetivo de estimular o crescimento econômico, principalmente do setor industrial, deu início a uma dinâmica que foi associada a uma corrida de cavalos, pela sua velocidades e movimentação que fazia lembrar as apostas das corridas de cavalo. Daí a expressão encilhamento derivada do verbo encilhar que significava a preparação do cavalo para montaria. O novo governo também permitiu que alguns bancos na Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em outros Estados emitissem dinheiro. O que aumentou a circulação do papel moeda mas também diminuiu o seu valor, dando início a um processo inflacionário (a diminuição de poder de compra do dinheiro).
Com a inflação, a expeculação na bolsa (compra de ações por baixo preço e venda após a sua valorização) que não produiza coisa alguma, a oposição dos cafeicultores que não tinham interesse por investimento em outra atividade que não fosse o café e a falência de muitos negócios, Rui Barbosa, presionado demitiu-se em janeiro de 1891.