segunda-feira, 6 de julho de 2020

Processo de Independência da América Espanhola


Independência da América Espanhola Exercícios | Exercícios Web

Após quase quatro séculos de colonização espanhola na América, vários fatores externos e internos levaram à Independência da América Espanhola.
O processo da independência ocorreu ao longo do século XIX e deu origem a jovens países republicanos. Desde o Século XVI, várias regiões do continente americano foram colonizadas pelos espanhóis. Essa colonização não foi um processo pacífico. Povos como os maias, astecas e incas foram dominados violentamente nesse processo.
A estrutura social da América Espanhola colonial estava dividida em chapetones (espanhóis) no topo; criollos (filhos de espanhóis que nasceram na América e não detinham os mesmos privilégios que os chapetones) no centro; e índios, mestiços e afrodescendentes na base da pirâmide.
A Independência da América Espanhola foi motivada pela insatisfação colonial com a metrópole, a desestabilização política pós-Período Napoleônico, pelas ideias iluministas.
Os criollos foram os principais agitadores das lutas por emancipação.
Em 1813, no começo do século XIX, ocorre a Independência dos Estados Unidos, a primeira emancipação ocorrida no continente americano. As treze colônias, antes pertencentes a Inglaterra e agora libertas, contagiaram e influenciaram o processo de Independência da América Espanhola.
Nesse período, a Europa vivia o Período Napoleônico, onde vários territórios do continente estavam sob o domínio de Napoleão Bonaparte. Em meio a crise do trono vivenciada na Espanha, Napoleão acaba por destituir o governante espanhol Fernando VII e destina o trono para seu irmão, José Bonaparte. A legitimidade do irmão de Napoleão como governante foi questionada tanto pelos espanhóis, quanto pelos colonos, gerando forte clima de insatisfação.
Outra influência importante foi o Iluminismo e suas ideias liberais, contrárias ao Antigo Regime e, sendo assim, contrárias à dominação absoluta do Rei. No século XIX, já existiam universidades na América Espanhola, o que possibilitou o acesso dos criollos aos ideais iluministas, utilizadas para desestabilizar os argumentos em torno do pacto colonial.
A Revolução Francesa veio fortalecer esses ideais. O apoio financeiro da Inglaterra também foi fundamental para Independência da América Espanhola. A potência britânica tinha profundos interesses comerciais e financeiros que ficavam impedidos de serem concretizados com o pacto colonial. Por isso, apoiam as lutas de emancipação na colônia.
Outro apoio importante foi o do Haiti, que já havia se emancipado e forneceu força militar. A relação da colônia com a metrópole começou a ficar extremamente tensa a partir do século XVIII, principalmente por conta de algumas medidas adotadas pela Espanha na busca por enriquecer apenas a metrópole.
Durante os governos de Carlos III e Carlos VI, a Espanha aumentou o monopólio dos produtos comerciais nas colônias. Além disso, em busca de acúmulo de capital, também centralizou a administração dos impostos e aumentou o rigor da cobrança. Essa política desagradou aos criollos (que queriam o livre comércio, ou seja, comercializar com outros países) e aos comerciantes espanhóis (que queriam a exclusividade no sistema de porto único de Sevilha). Muitos dos criollos eram comerciantes e desejavam o livre comércio para o aumento dos lucros. Mesmo o que não estavam envolvidos com o comércio, lutaram pela emancipação em busca de maior poder político.
A situação social de índios, escravos e mestiços, com péssimas condições de trabalho e submetidos à miséria, também foi fator importante. Rebeliões como a de Tupac Amaru (Peru, 1780) e o Movimento Comunero (Nova Granada, 1781), ocorridas ainda no século XVIII, ajudaram a desestabilizar a relação metrópole-colônia. Entre 1810 e 1833, aproveitando a fragilidade política da Espanha, dá-se início as Guerras de Independência da América Espanhola.
Os movimentos de emancipação são divididos pelos historiadores em três momentos:
• os Movimentos Precursores (1780-1810);
• as Rebeliões Fracassadas (1810-1816);
• as Rebeliões Vitoriosas (1817-1824).
Entre 1810 e 1816, quando Napoleão destrona o Rei espanhol para dar o poder a seu irmão José Bonaparte, os criollos da América Espanhola negam a legitimidade do Rei francês e criam as Juntas Governativas, que promovem maior autonomia e independência no governo da colônia. Esse movimento, que em princípio era de lealdade ao Rei espanhol, acaba por ganhar contornos emancipatórios. Entretanto, as rebeliões nesse período não têm sucesso.
Em 1815, após a derrocada de Napoleão Bonaparte, acontece o Congresso de Viena e o trono da Espanha volta para o poder de Fernando VII. Com isso, a autonomia das Juntas Governamentais coloniais diminui e a Espanha passa a adotar medidas que visavam restituir a autoridade colonial. Esse movimento foi o estopim para as revoltas que se seguiram na América. Além disso, a Inglaterra - que antes estava ocupada na guerra contra Napoleão - passa a apoiar a Independência da América Espanhola.
Entre 1817 e 1824 acontecem as Rebeliões Vitoriosas. Simon Bolívar e José de San Martins foram dois dos maiores líderes criollos e organizaram exércitos que proclamaram a independência de muitas países latino-americanos.
Após a emancipação, os caudilhos, influenciadores locais políticos e militares, acabam tomando conta do poder na América Espanhola. Bolívar ajudou na libertação da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador; e propunha a unificação e integração político-econômica entre os novos países. 
Por isso, em 1826, acontece o Congresso do Panamá. Entretanto, os caudilhos foram contra esse projeto, uma vez que buscavam garantir cada um a manutenção da sua influência. Já San Martins, que ajudou na independência de Argentina, Chile e Peru, era um republicano.
Diferente do Brasil, que passou muitos anos pós-independência como uma monarquia, a América Espanhola dividiu-se em vários países republicanos. Mas, porque a América Espanhola, diferente do Brasil e dos Estados Unidos, não se tornou um país só, mas vários?
• questão geográfica: a presença dos Andes no território dificulta a unidade como país;
• influências externas: Estados Unidos e Inglaterra temiam que a América Espanhola se tornasse uma nação rica e unida, uma potência que poderia vir a os ameaçar;
• influências internas: os caudilhos queriam manter seu poderio local, o que não aconteceria no caso de uma unificação;
• histórica fragmentação: desde os princípios da colonização, a Espanha já havia dividido o território em vice-reinos e capitanias, o que tornou o território já extremamente fragmentado, bem antes da independência.
É importante pontuar que a Independência da América Espanhola não significou a emancipação econômica dos países, uma vez que continuaram extremamente dependentes do comércio com os países europeus. Além disso, internamente, as estruturas sociais e as oligarquias permaneceram inalteradas.

In https://querobolsa.com.br/enem/historia-brasil/independencia-da-america-espanhola

Nenhum comentário:

Postar um comentário