terça-feira, 14 de julho de 2020

O Entreguerras


Conhecimento: Entreguerras, Bolsa de Valores e Mercado de ações

Chama-se de Período Entreguerras os anos compreendidos entre o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e o início da Segunda Grande Guerra, em 1939. Apesar dos 21 anos que separam os dois acontecimentos, esse tempo seria uma pausa nas ações bélicas, mas os eventos do período seriam o elo entre elas.

Após o fim da Primeira Guerra, foi assinado entre as potências europeias o Tratado de Versalhes, em 1919. Derrotada na guerra, o Tratado impôs sanções à Alemanha, dentre as quais a perda dos territórios conquistados, como a Alsácia-Lorena e as colônias africanas e asiáticas; a redução das Forças Armadas; proibição de fabricação de armamentos pesados e o pagamento de indenização aos países Aliados, vencedores do conflito. O alto valor da indenização e os custos de 4 anos de guerra deixaram a Alemanha em uma profunda crise econômica. Mas não só a Alemanha saiu destruída da Grande Guerra. Também o restante dos países europeus envolvidos precisou encarar a reconstrução, e o dinheiro para isso veio sobretudo dos Estados Unidos da América, considerado o grande vencedor da Guerra.

Durante os anos de 1920, os EUA não só emprestaram dinheiro para as nações europeias, mas também foi o grande fornecedor de produtos industrializados. Assim, década de 1920 foi de euforia econômica naquele país, com grande crescimento da indústria. Esse momento foi caracterizado pelo chamado american way of life (estilo de vida americano), marcado pela alta produção e consumo em massa. Produtos como carros e eletrodomésticos tornam-se acessíveis para parte da população americana e eram anunciados como indicadores de felicidade.

A euforia econômica, no entanto, logo teve fim. Com a reconstrução dos países europeus, e o recomeço das suas produções industriais, eles deixaram de importar dos EUA. O que provocou a superprodução, isto é, os produtos americanos ficaram sem mercado consumidor, provocando diminuição dos seus preços e aumentando os estoques, resultando em demissões e diminuição da produção.

Em 1929, o mercado não aguentou, várias falências de empresas, bancos e desemprego em massa. As ações na Bolsa de Valores passaram a perder valor, culminando no Crash (queda) da Bolsa de Nova York, em 29 de outubro de 1929, e no início de uma grave crise econômica que atingiria todos os países de economia capitalista. A crise começaria a ser resolvida com a adoção, em 1933, do New Deal, conjunto de medidas adotadas pelo presidente Roosevelt com o objetivo de devolver o poder de compra da população e assim reverter a crise. Entre as medidas do New Deal estavam: empréstimos com baixa taxa de juros, principalmente para os fazendeiros; obras públicas para gerar emprego; criação do salário desemprego; e diminuição da jornada de trabalho para a abertura de mais postos de trabalho.

A Alemanha, que no decorrer dos anos 1920 enfrentava as consequências da Grande Guerra e do Tratado de Versalhes. Diante da crise houve o fortalecimento do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista), fundado em 1920. Liderado por Adolf Hitler, o Partido Nazista anunciava que se chegasse ao poder rasgaria o Tratado de Versalhes. Em 1933, Hitler chegou ao poder, apoiado por grande parte da sociedade alemã, que via no seu discurso a saída para a crise econômica e moral em que se encontrava desde a derrota em 1918.

Também a Itália viveu no período a ascensão de um regime totalitário, o fascista, cujo líder era Benito Mussolini. Como o nazismo, era antiliberal e anticomunista, e via na construção de um Estado forte e autoritário a chave para o desenvolvimento italiano. O Partido Fascista chegou ao poder em 1922, quando o rei Vítor Emanuel III nomeou Mussolini primeiro-ministro. Itália e Alemanha formaram, em 1936, uma aliança de proteção mútua, o Eixo Roma-Berlim, que lutaria junto na Segunda Guerra Mundial.

Foi também em 1936 que o general espanhol Francisco Franco se recusou a aceitar a vitória da Frente Popular, formado por socialistas e republicanos, e deu início ao conflito conhecido como Guerra Civil Espanhola. Franco, simpatizante do fascismo, recebeu ajuda de alemães e italianos para derrotar a Frente Popular e instalar um governo forte e autoritário, o qual durou até 1975, quando morreu o general.


Referências: HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras. 2009. RODRIGUES, Joelza Esther. Projeto Athos: História, 9º ano. São Paulo: FTD, 2014. https://www.infoescola.com/historia/periodo-entreguerras/

Sociedade nas Colônias Hispânicas


quadro pintado no México no século XVIII explicando a mestiçagem entre os povos

A sociedade colonial na América espanhola estava marcada pela cor da pele. Com o passar do tempo, devido às uniões inter-raciais, o local de nascimento seria mais importante que o grau de mestiçagem. Assim temos:
Chapetones: assim chamados os espanhóis recém-chegados nas colônias hispânicas. Ocupavam os altos cargos como Vice-Rei, Capitães Gerais, Governadores, Alcades ou Intendentes (prefeitos), bispos e arcebispos, superiores de várias ordens religiosas. No entanto, suas prerrogativas não eram hereditárias, pois se tivessem filhos nascidos fora da metrópole, estes seriam considerados criollos e não gozavam da mesma posição social que os progenitores.

Criollos: eram os filhos de espanhóis nascidos na América. Não podiam ocupar os altos cargos, mas participavam do Cabildo e tinham uma posição social acomodada. Os criollos exerciam várias atividades e eram profissionais como advogados, comerciantes, mas também encomenderos, exploradores de minas, fazendeiros, etc. Ao contrário do significado em língua portuguesa, a palavra criollo, em espanhol, não representa uma pessoa de cor negra. Indica aqueles brancos que nasceram na América e não no Reino da Espanha.

Negros Escravizados: os africanos escravizados eram trazidos por traficantes ingleses e portugueses que contavam com a participação de investidores espanhóis. As pessoas escravizadas foram utilizadas como mão de obra para substituir a população indígena dizimada no Caribe e forçados a trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar, tabaco, cacau, algodão, dentre outros cultivos. A escravidão negra não foi homogênea nos domínios espanhóis na América. Foi intensamente empregada na região caribenha, mas com menos força no Vice-Reino do Peru, por exemplo. Por outra parte, quase não se sente sua presença na região do rio da Prata.

Indígenas: a colonização espanhola supôs o desaparecimento da antiga forma de vida dos povos nativos. A economia foi reorientada para o mercado externo e os indígenas trabalharam especialmente nas minas de prata, ouro e mercúrio, mas também eram empregados no serviço doméstico e na agricultura. Com o passar do tempo, o idioma original foi sendo substituído pelo castelhano e a religião passou a ser o catolicismo. Igualmente, se desenvolve uma crença que mistura práticas pagãs com o cristianismo. Mesmo com todas essas mudanças, alguns costumes se mantiveram e outros se mesclaram criando uma nova forma de pensar e viver. Outros, infelizmente, foram perdidos para sempre.

Mestiços: esta era uma sociedade em que a cor da pele determinava seu lugar na hierarquia social. Segundo os costumes coloniais, a união entre um espanhol e uma indígena davam origem ao mestiço. Apesar disso, os mestiços eram aceitos porque eram criados num ambiente culturalmente branco. 

Com o passar do tempo, indígenas, brancos, negros foram se unindo e gerando filhos. Isso provocou o surgimento de pessoas que não se encaixavam em nenhuma das categorias citadas acima. Assim, passou a surgir uma série de palavras específicas para cada uma dessas uniões. Podemos citar: mulato, torna-atrás, mourisco, lobo, zambaio, coiote, cambujo, chamizo, etc. Era um modo de estabelecer novas categorias, mas ainda assim o status de cada mestiço era ambíguo e dependia de quão branca fosse a cor da pele e seus costumes.

São muitos os territórios que foram ocupados pelos espanhóis na América. Vejamos: Uruguai, Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Honduras, Cuba, República Dominicana, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala e México. Além disso, os espanhóis povoaram algumas ilhas do Caribe que depois passaram às mãos de outros colonizadores como Jamaica, Trindade e Tobago, Guadalupe ou São Cristóvão e Neves. Igualmente, grande parte do que hoje se denomina Estados Unidos formava parte do Vice-Reino da Nova Espanha e englobava os atuais estados de Califórnia, Texas, Florida, Nevada, Colorado, Utah, Arizona, Texas, Oregon, Novo México, Washington, e partes de Idaho, Montana, Wyoming, Kansas, Oklahoma e Louisiana.

Administração da América Espanhola


Colonização Espanhola - Slide

Para controlar o vasto território que conquistara, os espanhóis criaram, inicialmente, dois Vice-Reinos, diretamente ligados à Coroa: o Vice-Reino da Nova Espanha e o Vice-Reino do Peru. Também foram estabelecidas a Capitania Geral de Cuba, Capitania Geral de Porto Rico e a Capitania Geral de Santo Domingo.

Importante ressaltar que estes territórios eram considerados como uma própria extensão do reino espanhol, daí o nome de “vice-reino”.


A metrópole possuía as seguintes instituições para administrar a colônia:
Casa de Contratação - Responsável por registrar todas as pessoas que se dirigiam e se estabeleciam nas Índias (América). Igualmente, anotavam as mercadorias, provinham os pilotos de mapas de navegação e ainda exerciam a justiça. Inicialmente, tinha sua sede em Sevilha e, mais tarde, em Cádiz.
Conselho das Índias - Auxiliava o rei a tomar decisões relativas aos seus domínios na América em termos de justiça, economia e até durante a guerra.
Real Audiência - Eram os tribunais de justiça estabelecidos nos Vice-Reinos e que julgavam os crimes cometidos por seus habitantes.
Vice-Reinos e Capitanias Gerais - Com as reformas iluministas empreendidas pelo rei Carlos III (1716-1788), no século XVIII, os vice-reinos foram desmembrados em quatro e foram criadas mais Capitanias Gerais. O objetivo era encontrar uma forma de melhorar a administração colonial.
Vice-Reinos: territórios de grande extensão e população, eram os mais rentáveis para a Coroa espanhola. Estavam governados por um vice-rei. Eram eles: Vice-Reino da Nova-Espanha, Peru, Nova-Granada e Prata.
Capitanias Gerais: foram estabelecidas em zonas de maior conflito com a população indígena ou que eram alvo de ataques de piratas. Foram elas: Guatemala (que abarcava os atuais países de Guatemala, Honduras, El Salvador e Costa Rica), Cuba, Venezuela, Chile, Santo Domingo e Porto Rico.

As colônias eram administradas por funcionários nomeados pelo próprio soberano:
Vice-Rei: era o cargo mais alto dentro desta estrutura e ocupado por um nobre ou fidalgo diretamente indicado pelo Rei. Possuía autoridade máxima e dele dependiam algumas Capitanias Gerais.
Capitão-Geral: título utilizado por quem estava à frente das Capitanias Gerais.
Governadores: auxiliavam o vice-rei ou o capitão-geral a administrar o território.
Cabildo: eram uma espécie de conselho formados pelos proprietários e homens de destaque da sociedade, inclusive o clero, e se reuniam num edifício de mesmo nome.

in https://www.todamateria.com.br/colonizacao-espanhola/

Colonização Espanhola da América


Tributos nas colônias espanholas

A colonização espanhola na América se caracterizou pela modificação da estrutura política, econômica e religiosa das sociedades que habitavam naquele território.

Os espanhóis introduziram no continente americano uma nova religião, idioma, organização econômica e social. Por sua parte, levaram uma série de produtos desconhecidos para Europa como a batata, o milho e o chocolate. Além disso, as fronteiras do mundo conhecido se alargaram e se modificaram para sempre.

Após a conquista era preciso ocupar o território americano. Afinal, os reis precisavam dominar mais regiões e mercados para legitimar sua existência. Igualmente, se queria expandir a fé católica.

O poder político garantia a difusão da fé, enquanto a Igreja Católica legalizava a apropriação dos territórios. Por sua parte, a burguesia financiava a tomada dos bens alheios em nome do rei.

Os indígenas tinham que pagar tributos aos espanhóis em forma de trabalho ou produtos. Ao estabelecerem-se na América, os espanhóis se depararam com populações organizadas e regidas por leis há muito consagradas. Deste modo, além de suas próprias regras, como a encomienda, os colonizadores empregaram os costumes locais para aproveitar a mão de obra indígena, como a mita.

A encomienda permitia ao encomendero, um fidalgo espanhol, a cobrar tributos na forma de trabalho ou de bens materiais à determinada população indígena. Em troca, o encomendero deveria evangelizá-las, cuidá-las e defendê-las. As encomiendas eram hereditárias, mas não perpétuas. Os abusos cometidos por muitos encomenderos levou várias ordens religiosas a protestarem junto ao rei. De fato, a Coroa espanhola tentou aboli-la cinquenta anos após sua instituição, gerando revolta em vários pontos dos Vice-Reinos. Também a própria população indígena se rebelava contra este sistema, como foi o caso da revolta liderada pela indígena Bartolina Sisa (1750-1783), na atual Bolívia.

No Vice-Reino do Peru, principalmente, os colonizadores aproveitam a mita, uma criação inca, a fim de garantir o trabalho dos indígenas para seus propósitos. A mita consistia numa prestação de trabalho que a população masculina fazia ao Inca. Geralmente, tratava-se de ajudar na construção de templos e caminhos. Em contrapartida, recebiam proteção e oferendas aos deuses. Os espanhóis usaram esta mesma ideia em todo território do Vice-Reino do Peru. Desta maneira, as tribos indígenas eram confinadas às reduções e aí recebiam o catecismo. A fim de pagar por esses custos, deviam realizar a mita. Esta, geralmente, consistia no emprego de parte da população na exploração de minas de prata durante um ano. Embora o trabalho nas minas fosse regulado e deveria ser realizado apenas por três semanas, o fato é que as duras condições de trabalho mataram muitos indígenas que foram empregados ali como mão de obra.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Os Incas


Incas - Brasil Escola

Os incas foram uma importante civilização pré-colombiana que desenvolveu um vasto império na região andina. Formaram o maior império existente na América do Sul, com territórios que se estendiam por mais de 4.000 km, que atualmente correspondem à parte da Colômbia até o norte do Chile e Argentina.
Os incas, assim como os astecas, constituíram uma civilização complexa notabilizada pela construção de um enorme sistema de estradas. Essa civilização desapareceu a partir da conquista realizada pelos espanhóis no século XVI.
A região andina, local onde se desenvolveu a Civilização Inca, era habitada por grupos humanos desde aproximadamente 4.500 a.C. e, antes dos incas, havia abrigado uma outra grande civilização conhecida como chavín, em torno de 900 a.C. e 200 a.C. Os incas (chamados de quéchua) dominavam a região de Cuzco desde, pelo menos, o ano 1000, porém, a partir do século XV, iniciaram um processo de centralização e conquista territorial.
O surgimento oficial do Império Inca aconteceu, segundo os historiadores, com o reinado do Sapa Inca (termo em quéchua para imperador) Pachacuti. Durante seu reinado, os incas iniciaram a conquista territorial da região andina, processo que foi continuado por outros imperadores incas. Os povos conquistados por eles eram obrigados a pagar impostos, e as regiões dominadas eram integradas ao império por meio da construção de estradas (os incas possuíram mais de 40 mil quilômetros de estradas), por ordem do Sapa Inca, e culturalmente absorvidas com o deslocamento de população quéchua para essas regiões.
O grandioso império dos incas era denominado por eles próprios de Tawantisuyu (o Império das quatro direções, em quéchua) e era dividido em quatro grandes províncias chamadas de:
• Chinchasuyu (norte);
• Antisuyu (leste);
• Contisuyu (oeste);
• Collasuyu (sul).
Os incas construíram um império que era baseado em um sistema de governo conhecido como teocracia. Nesse sistema político, o governo sofre forte influência das crenças religiosas. No caso dos incas, o Sapa Inca era visto como um descendente do sol e, por isso, possuía poderes irrestritos. Os poderes do Sapa Inca chegavam, inclusive, a interferir na vida das pessoas e a determinar quando poderiam casar, viajar e mudar para outras áreas do império etc.
Além da grandiosidade territorial, o Império Inca era caracterizado pela grande diversidade de povos e de culturas dominadas pelos incas/quéchuas. Estima-se que o Império Inca possuísse em torno de seis a dez milhões de habitantes. Nessa vasta população, existiam, pelo menos, 30 idiomas diferentes. 
A base da economia era a agricultura que produzia tudo o que os incas possuíam. A alimentação baseava-se no milho e na batata, no entanto, os incas também produziam grandes quantidades de itens como algodão e pimenta. A fertilidade da agricultura dos incas era resultado do uso de uma técnica conhecida como curvas de nível.
A produção agrícola era realizada nos ayllus, que consistiam uma unidade social na qual um grupo de pessoas cultivava um determinado pedaço de terra. Era dever do ayllu produzir tudo o que fosse necessário para sua própria sobrevivência, além de pagar os impostos que eram devidos ao Sapa Inca. Cabia ao chefe do ayllu, conhecido como kuraka, fazer uma divisão igualitária dos alimentos produzidos e também auxiliar os membros de seu ayllu que enfrentassem dificuldades.
Além disso, os incas desenvolveram uma forma de trabalho compulsório que se chamava mita. A mita determinava que todo trabalhador inca deveria trabalhar para o estado por um determinado período no ano. Assim, quando o imperador convocasse, os trabalhadores eram levados para trabalhar nas obras públicas de construção de estradas, por exemplo.
Os incas, assim como havia acontecido com os astecas, tiveram sua decadência precipitada com a chegada dos espanhóis. Quando os espanhóis chegaram às terras dos incas, encontraram o império dividido entre os dois filhos de Huayna Capac, o último Sapa Inca, que havia morrido por volta de 1525 ou 1527. Seus filhos, Huáscar e Atahualpa, disputavam entre si a sucessão do poder e, por isso, travaram uma guerra que enfraqueceu o império. Os historiadores registraram, por exemplo, o acontecimento de uma grande batalha em Quito que levou ao aprisionamento de Huáscar. O conquistador espanhol Francisco Pizarro aproveitou-se dessa divisão dos incas e realizou a conquista do império. O domínio dos espanhóis na região prosseguiu de maneira frágil por algumas décadas e enfrentou diversas rebeliões. A ocupação dos territórios incas pelos espanhóis levou à colonização daquela região correspondente ao atual Peru e ao surgimento do Vice-Reino do Peru.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br

Processo de Independência da América Espanhola


Independência da América Espanhola Exercícios | Exercícios Web

Após quase quatro séculos de colonização espanhola na América, vários fatores externos e internos levaram à Independência da América Espanhola.
O processo da independência ocorreu ao longo do século XIX e deu origem a jovens países republicanos. Desde o Século XVI, várias regiões do continente americano foram colonizadas pelos espanhóis. Essa colonização não foi um processo pacífico. Povos como os maias, astecas e incas foram dominados violentamente nesse processo.
A estrutura social da América Espanhola colonial estava dividida em chapetones (espanhóis) no topo; criollos (filhos de espanhóis que nasceram na América e não detinham os mesmos privilégios que os chapetones) no centro; e índios, mestiços e afrodescendentes na base da pirâmide.
A Independência da América Espanhola foi motivada pela insatisfação colonial com a metrópole, a desestabilização política pós-Período Napoleônico, pelas ideias iluministas.
Os criollos foram os principais agitadores das lutas por emancipação.
Em 1813, no começo do século XIX, ocorre a Independência dos Estados Unidos, a primeira emancipação ocorrida no continente americano. As treze colônias, antes pertencentes a Inglaterra e agora libertas, contagiaram e influenciaram o processo de Independência da América Espanhola.
Nesse período, a Europa vivia o Período Napoleônico, onde vários territórios do continente estavam sob o domínio de Napoleão Bonaparte. Em meio a crise do trono vivenciada na Espanha, Napoleão acaba por destituir o governante espanhol Fernando VII e destina o trono para seu irmão, José Bonaparte. A legitimidade do irmão de Napoleão como governante foi questionada tanto pelos espanhóis, quanto pelos colonos, gerando forte clima de insatisfação.
Outra influência importante foi o Iluminismo e suas ideias liberais, contrárias ao Antigo Regime e, sendo assim, contrárias à dominação absoluta do Rei. No século XIX, já existiam universidades na América Espanhola, o que possibilitou o acesso dos criollos aos ideais iluministas, utilizadas para desestabilizar os argumentos em torno do pacto colonial.
A Revolução Francesa veio fortalecer esses ideais. O apoio financeiro da Inglaterra também foi fundamental para Independência da América Espanhola. A potência britânica tinha profundos interesses comerciais e financeiros que ficavam impedidos de serem concretizados com o pacto colonial. Por isso, apoiam as lutas de emancipação na colônia.
Outro apoio importante foi o do Haiti, que já havia se emancipado e forneceu força militar. A relação da colônia com a metrópole começou a ficar extremamente tensa a partir do século XVIII, principalmente por conta de algumas medidas adotadas pela Espanha na busca por enriquecer apenas a metrópole.
Durante os governos de Carlos III e Carlos VI, a Espanha aumentou o monopólio dos produtos comerciais nas colônias. Além disso, em busca de acúmulo de capital, também centralizou a administração dos impostos e aumentou o rigor da cobrança. Essa política desagradou aos criollos (que queriam o livre comércio, ou seja, comercializar com outros países) e aos comerciantes espanhóis (que queriam a exclusividade no sistema de porto único de Sevilha). Muitos dos criollos eram comerciantes e desejavam o livre comércio para o aumento dos lucros. Mesmo o que não estavam envolvidos com o comércio, lutaram pela emancipação em busca de maior poder político.
A situação social de índios, escravos e mestiços, com péssimas condições de trabalho e submetidos à miséria, também foi fator importante. Rebeliões como a de Tupac Amaru (Peru, 1780) e o Movimento Comunero (Nova Granada, 1781), ocorridas ainda no século XVIII, ajudaram a desestabilizar a relação metrópole-colônia. Entre 1810 e 1833, aproveitando a fragilidade política da Espanha, dá-se início as Guerras de Independência da América Espanhola.
Os movimentos de emancipação são divididos pelos historiadores em três momentos:
• os Movimentos Precursores (1780-1810);
• as Rebeliões Fracassadas (1810-1816);
• as Rebeliões Vitoriosas (1817-1824).
Entre 1810 e 1816, quando Napoleão destrona o Rei espanhol para dar o poder a seu irmão José Bonaparte, os criollos da América Espanhola negam a legitimidade do Rei francês e criam as Juntas Governativas, que promovem maior autonomia e independência no governo da colônia. Esse movimento, que em princípio era de lealdade ao Rei espanhol, acaba por ganhar contornos emancipatórios. Entretanto, as rebeliões nesse período não têm sucesso.
Em 1815, após a derrocada de Napoleão Bonaparte, acontece o Congresso de Viena e o trono da Espanha volta para o poder de Fernando VII. Com isso, a autonomia das Juntas Governamentais coloniais diminui e a Espanha passa a adotar medidas que visavam restituir a autoridade colonial. Esse movimento foi o estopim para as revoltas que se seguiram na América. Além disso, a Inglaterra - que antes estava ocupada na guerra contra Napoleão - passa a apoiar a Independência da América Espanhola.
Entre 1817 e 1824 acontecem as Rebeliões Vitoriosas. Simon Bolívar e José de San Martins foram dois dos maiores líderes criollos e organizaram exércitos que proclamaram a independência de muitas países latino-americanos.
Após a emancipação, os caudilhos, influenciadores locais políticos e militares, acabam tomando conta do poder na América Espanhola. Bolívar ajudou na libertação da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador; e propunha a unificação e integração político-econômica entre os novos países. 
Por isso, em 1826, acontece o Congresso do Panamá. Entretanto, os caudilhos foram contra esse projeto, uma vez que buscavam garantir cada um a manutenção da sua influência. Já San Martins, que ajudou na independência de Argentina, Chile e Peru, era um republicano.
Diferente do Brasil, que passou muitos anos pós-independência como uma monarquia, a América Espanhola dividiu-se em vários países republicanos. Mas, porque a América Espanhola, diferente do Brasil e dos Estados Unidos, não se tornou um país só, mas vários?
• questão geográfica: a presença dos Andes no território dificulta a unidade como país;
• influências externas: Estados Unidos e Inglaterra temiam que a América Espanhola se tornasse uma nação rica e unida, uma potência que poderia vir a os ameaçar;
• influências internas: os caudilhos queriam manter seu poderio local, o que não aconteceria no caso de uma unificação;
• histórica fragmentação: desde os princípios da colonização, a Espanha já havia dividido o território em vice-reinos e capitanias, o que tornou o território já extremamente fragmentado, bem antes da independência.
É importante pontuar que a Independência da América Espanhola não significou a emancipação econômica dos países, uma vez que continuaram extremamente dependentes do comércio com os países europeus. Além disso, internamente, as estruturas sociais e as oligarquias permaneceram inalteradas.

In https://querobolsa.com.br/enem/historia-brasil/independencia-da-america-espanhola