O fascismo é entendido por cientistas políticos e historiadores como a forma
radical da expressão do espectro político da direita conservadora.
O fascismo é
um conceito que gera muito debate por sua complexidade, já que é um movimento
político que se adapta a diferentes circunstâncias e apropria-se de ideais de
diferentes ideologias. De toda forma, o fascismo, enquanto movimento político e
social, possui uma retórica populista que explora assuntos como a corrupção
endêmica da nação, crises na economia ou “declínio dos valores tradicionais e
morais” da sociedade. Além disso, defende que mudanças radicais no status quo
(expressão em latim para referir-se ao “estado atual das coisas”) devem
acontecer. Uma vez que ocupa espaços de poder, o fascismo transforma-se em um
regime extremamente autoritário, baseado na exclusão social, portanto,
hierárquico e bastante elitista. O termo “fascismo” pode ser usado para
referir-se: 1. Ao fascismo surgido na Itália e liderado por Benito Mussolini. 2.
Aos regimes que surgiram durante o período entre a Primeira Guerra Mundial e a
Segunda inspirados ideologicamente no fascismo italiano, como foram os casos do
salazarismo, em Portugal, do franquismo, na Espanha, do movimento Ustasha, na
Croácia etc.
Características do fascismo
O fascismo clássico, forma como o fascismo italiano é conhecido entre os
historiadores, possuía algumas características:
1. Implantação de um sistema
unipartidário ou monopartidário, no qual apenas o próprio partido fascista tinha
direito à atuação no sistema político nacional;
2. Culto ao chefe/líder como
forma de colocá-lo como a única pessoa capaz de guiar a nação ao seu destino;
3.
Desprezo pelos valores liberais, nos quais estão inclusas as liberdades
individuais e a democracia representativa;
4. Desprezo por valores coletivistas,
como o socialismo, comunismo e anarquismo;
5. Desejo de expansão imperialista
baseada na ideia de domínio de povos mais fracos;
6. Vitimização de determinados
grupos da sociedade ou de um povo com o objetivo de iniciar uma perseguição
contra aqueles que eram vistos como “inimigos do povo”;
7. Uso da retórica
contra os métodos políticos tradicionais afirmando que estes eram incapazes de
combater as crises e de levar a nação à prosperidade; 8. Exaltação dos “valores
tradicionais” em detrimento de valores considerados “modernos”; 9. Mobilização
das massas; 10. Controle total do Estado fascista sobre assuntos relacionados à
economia, política e cultura.
O que foi o fascismo italiano?
O fascismo foi um movimento que surgiu na Itália na década de 1910 e alcançou o
poder desse país na década de 1920, mais precisamente em 1922. A ascensão do
fascismo na Itália está diretamente relacionada com a crise econômica que o país
viveu. Além disso, tem relação com a frustração italiana com a Primeira Guerra
Mundial e com o temor da expansão do socialismo no país. A expressão “fascismo”
foi cunhada pelo italiano Benito Mussolini (1883-1945), que criou, em 1919, uma
organização chamada Fasci Italiani di Combattimento. O termo “fasci”, que
significa feixe, faz referência ao feixe de hastes de madeira com um machado no
centro – símbolo da unidade do poder político na Roma Antiga. Benito Mussolini
foi o fundador do Fasci Italiani di Combattimento, grupo que deu origem ao
Partido Nacional Fascista. Mussolini, político que iniciou sua carreira em
movimentos socialistas, mas que, ao longo da década de 1910, foi alinhando seu
discurso a pautas nacionalistas que agradavam e aproximavam-no do
conservadorismo italiano. Sua popularização foi decorrente do uso da violência
para reprimir grupos socialistas. Mussolini, então, alinhou seu discurso
político com o viés nacionalista italiano. Entre 1919 e 1920, o fortalecimento
político de movimentos de orientação socialista levou classes conservadoras na
Itália a alinharem-se com o fascismo italiano. O fascismo ganhou muita força nas
regiões rurais do centro da Itália. Nesse contexto, a partir da organização
Fasci Italiani di Combattimento, surgiu o Partido Nacional Fascista. O grande
objetivo era tomar o poder da Itália tanto por via eleitoral quanto por meio de
atos violentos contra opositores. O uso da violência pelos fascistas, inclusive,
chegou a ser elogiado por determinadas classes da sociedade italiana que viam a
agressividade como uma forma de enfraquecer os socialistas. Mussolini chegou ao
poder em 1922 após membros do Partido Nacional Fascista realizarem a chamada
Marcha sobre Roma. Essa marcha aconteceu no dia 28 de outubro de 1922. Nela,
fascistas de toda a Itália marcharam em direção a Roma, capital do país, para
pressionar o então rei, Vitor Emanuel III, a empossar Mussolini como seu chefe
de Estado (ou primeiro-ministro). Muitos fascistas contaram com apoio
governamental para chegarem à capital italiana. O resultado da Marcha sobre Roma
foi que o rei destituiu o primeiro-ministro empossado e convocou Benito
Mussolini a formar a base do novo governo, agora sob o controle dos fascistas.
Monarquistas e conservadores da direita comemoraram a posse de Mussolini,
liberais aceitaram a situação, e socialistas opuseram-se, no entanto, não
tiveram forças para controlar o crescimento do fascismo. Com o tempo, Mussolini
conseguiu controlar todo o Estado italiano. O Partido Nacional Fascista planejou
um modelo de Estado forte, no qual o poder executivo fosse centralizado e a
figura do líder, o duce (em italiano), incontestável. O culto à personalidade de
Mussolini tornou-se uma das principais características do fascismo italiano.
Essa veneração do chefe de Estado também se espalhou para outros países da
Europa e para outros continentes nessa época. Dessa inspiração, surgiram os
movimentos que são conhecidos entre os historiadores como “fascismo espanhol”,
no caso de Francisco Franco; “fascismo português”, no caso de Francisco Oliveira
Salazar; e “fascismo alemão”, no caso do nazismo de Adolf Hitler.
Fonte: www.brasilescola.uol.com.br
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