quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Era Vargas

Foi um período iniciado com a Revolução de 1930, e finalizado em 1945 com a deposição de Getúlio Vargas. Nesse período da história brasileira, o poder esteve centralizado em Getúlio Vargas.

A ascensão de Getúlio Dornelles Vargas à presidência aconteceu pela implosão do modelo político que existia no Brasil durante a Primeira República. Ao longo da década de 1920, inúmeras críticas foram feitas ao sistema oligárquico que vigorava em nosso país.

O fim da Primeira República se deu com a eleição de 1930. Nessa eleição, a oligarquia mineira rompeu abertamente com a oligarquia paulista porque o presidente Washington Luís recusou-se a indicar um candidato mineiro para concorrer ao cargo. A indicação para presidente foi do paulista Júlio Prestes. Era o fim da Política do Café com Leite. Assim, os mineiros aliando-se às oligarquias paraibana e gaúcha, optaram por lançar um candidato para concorrer à presidência: Getúlio Vargas.

As eleições foram vencidas por Júlio Prestes. No entanto, começou-se a falar em fraude eleitoral e até em rebelião. O ambiente de tensão só aumentava até que a rebelião se tornou realidade quando João Pessoa, vice na chapa de Getúlio Vargas, foi assassinado. O crime não tinha nenhuma relação com a eleição disputada, mas foi utilizado como pretexto para que um levante militar fosse iniciado.

No dia 24 de outubro de 1930, o presidente Washington Luís foi deposto da presidência. E o poder foi entregue a Getúlio Vargas, que assumiu a presidência do Brasil.

Os historiadores dividem a Era Vargas em três fases: Governo Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-1937) e Estado Novo (1937-1945).

Governo Provisório (1930-1934)

O governo provisório, como o próprio nome sugere, deveria ter sido uma fase de transição. Getúlio Vargas, porém, nesse momento, já deu mostras da sua habilidade de se sustentar no poder, pois adiou o quanto foi possível a realização da Constituinte (congresso de representantes dos Estados para a elaboração de uma constituição).A demora de Vargas em realizar eleições e convocar uma Constituinte teve impactos em alguns locais do país, como São Paulo, que se rebelou contra o governo em 1932 no que ficou conhecido como Revolução Constitucionalista.

O movimento foi derrotado, mas mesmo após a derrota paulista nos campos de batalha, Getúlio Vargas atendeu as demandas dos paulistas, nomeando para o estado um interventor (governador) civil e nascido em São Paulo, além de garantir a realização de uma eleição em 1933 para compor a Constituinte. Dessa Constituinte, foi promulgada a Constituição de 1934.  E Vargas foi eleito indiretamente para a presidência (1934-1938).

Nessa fase, a política econômica de Vargas concentrou-se em combater os efeitos da Crise de 1929 no Brasil. Para isso, agiu comprando milhares de sacas de café e queimando como forma de valorizar o principal produto da nossa economia. Nas questões trabalhistas, autorizou a criação do Ministério do Trabalho em 1930 e começou a intervir diretamente na atuação dos sindicatos.

Governo Constitucional (1934-1937)

Na fase constitucional, surgiram grupos que expressavam propostas radicais para o nosso país:

Ação Integralista Brasileiro (AIB): grupo de extrema-direita que surgiu em São Paulo em 1932. Esse grupo possuía inspiração no fascismo italiano, expressando valores nacionalistas e até mesmo antissemitas. O lema desse grupo era: “Deus, pátria e família”.Tinha como líder Plínio Salgado.

Aliança Libertadora Nacional (ANL): grupo de orientação comunista que surgiu como frente de luta antifascista no Brasil e converteu-se em um movimento que buscava tomar o poder do país pela via revolucionária. Seu lema era: “Pão, terra e liberdade”. O líder desse grupo era Luís Carlos Prestes.

A ANL, inclusive, foi a responsável por uma tentativa de tomada do poder em 1935. Esse movimento ficou conhecido como Intentona Comunista e foi deflagrado em três cidades (Rio de Janeiro, Natal e Recife), mas fracassou.

Aproveitando o clima de insegurança, Vargas realizou um golpe para se manter no poder, cancelou a eleição de 1938 e instalou um regime ditatorial no país. O golpe do Estado Novo teve como pretexto a divulgação de um documento falso conhecido como Plano Cohen. Esse documento falava sobre uma conspiração comunista que estava em curso no país.

Estado Novo (1937-1945)

Nesse período, Vargas reforçou o seu poder, reduziu as liberdades civis e implantou a censura. Também foi o período de intensa propaganda política e um momento em que Vargas estabeleceu sua política de aproximação das massas.

A censura instituída ficou a cargo do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável por censurar as opiniões contrárias ao governo e produzir a propaganda que ressaltava o regime e o líder. Para fazer a propaganda do governo, foi criado um jornal diário na rádio chamado “A Hora do Brasil”.

Durante esse período, também se destacou a política trabalhista, com a criação do salário-mínimo (1940) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Os sindicatos passaram para o controle do Estado.

A participação brasileira na Segunda Guerra e o desgaste desse projeto político autoritário enfraqueceram o Estado Novo perante a sociedade. Assim, demandas por novas eleições começaram a acontecer. Pressionado, Vargas decretou para o fim de 1945 a realização de eleição presidencial. No entanto, Vargas fazia um jogo duplo, ao mesmo tempo que parecia apoiar as eleições, ele estimulava um movimento popular que pedia a sua permanência, o queremismo (queremos Vargas).  Assim, temendo-se um novo golpe, em outubro desse mesmo ano, foi deposto do poder pelos militares. Foi se refugiar na sua fazenda em São Borja do RS, e mesmo tendo governado o país de forma ditatorial, não sofreu nenhuma punição, se elegendo senador em 1946 pelo RS e voltando à presidência, eleito em 1950.